Le Grand Ballon e Route de Cretes

CURITIBA (healing) Último dia do tour d’Alsace estava reservado para subir a montanha mais alta da região, o Col du Grand Ballon, com 1325m. Essa montanha pode escalada por seis diferentes estradas. Nós escolhemos a rota mais longa saindo de Cernay, a qual tem cerca de 21km com gradiente médio de 5%. O ganho de altimetria é de 1000m.

Col du Grand Ballon (relive, strava)

A escolha dessa rota não foi por acaso. O objetivo era fazer parte da Route de Cretes que conecta Cernay a Sainte-Marie-aux-Mines. É uma estrada cênica que foi construída na época da primeira guerra mundial pelo exército Francês para facilitar o movimento das tropas.

Nossa ideia era cruzar o Col Amic (825m), Col du Grand Ballon (1325m) e começar descer a estrada passado pela estação Le Markstein chegando no lago de Kruth-Wildenstein. A estrada é realmente muito bonita. O dia estava lindo e a temperatura agradável. Manga comprida mas sem jaqueta. O vento continuava soprando forte, porém.

Col Amic (825m)
Col du Grand Ballon (1325m)

No topo do Grand Ballon tinha uma placa dizendo que estrada até Le Markstein estava fechada. De qualquer forma resolvemos tentar. Vai que dá pra passar. Não dava. Tinha muita neve. Depois aprendi que essas estradas são transformadas em pistas de Ski Cross Country durante o inverno.

Sendo assim voltamos até o Col Amic e descemos até o vale (Willer Sur Thur), para então subir até o Lago Kurth-Wildenstein margeando o rio La Thur. A barragem que forma o lago foi finalizada nos anos 60 e tem como objetivo controlar o nível do La Thur durante a época do degelo. No verão é muito utilizada pois tem uma área grande picnic e trilhas para hiking.

Barragem de Kruth-Wildenstein

Finalmente voltamos para Cernay descendo o rio com vento a favor. Pedal com 87km e 1520m de subida. Uma ótima maneira de fechar a viagem pela Alsácia.

Planche des Belles Filles, Col du Ballon de Servance e d’Alsace

CURITIBA (stitches off) Essa era a etapa rainha da viagem, a famosa subida da Planche des Belles Filles que consagrou nomes como Froome e Pogacar. Aliás, o Sloveno levou as duas últimas etapas na Planche, em 2020 e 2022. A rota ainda tinha outras duas subidas categorizadas, o Col du Ballon de Servance e o Ballon d’Alsace.

Pequena curiosidade sobre o nome, que numa tradução livre seria Rampa das Meninas Bonitas. Segundo a lenda, as jovens de Plancher-les-Mines (vilarejo na base da montanha) fugiram para as montanhas para escapar dos mercenários suecos, pois temiam ser estupradas e massacradas. Em vez de se render, elas decidiram cometer suicídio e pularam em um lago bem abaixo. Um dos soldados então pegou uma tábua na qual, com sua adaga, gravou um epitáfio para as “meninas bonitas (belles filles)”.Uma estátua de madeira, criada por um artista local, é um lembrete da lenda. Infelizmente não consegui chegar até a estátua por causa da neve. Vou ter que voltar!

Etapa rainha: Planche des Belles Filles, Col de Servance e Ballon de Alsace. (strava, relive)

Para fazer essa rota fomos de carro até o vilarejo de Giromagny. Saindo de Giromagny, seguimos por cerca de 15km até o começo da subida da Planche. Essa é a famosa subida curta e grossa. O começo é uma reta “infinita” com gradientes que passam dos 15%. Depois da primeira curva dá uma aliviada e logo depois pesa novamente. Ao todo são 5.2km com 8.3% de gradiente médio. Trecho muito cruel para se fazer um ITT. Roglic deve concordar comigo.

Final da subida ainda tomada pela neve. Terra do Thibaut Pinot.

Depois da descida da Planche, começamos a subir o Col du Ballon de Servance (1146m), um trecho com 10km e 6% de gradiente médio. Quando fiz a rota, sabia que tinha uma subida na caminho, mas não tinha muita informação sobre a estrada. Trata-se de uma estrada que não tem manutenção durante o inverno, ou seja, ninguém limpa a neve. Descobrimos isso quando começamos a subir, pois havia uma placa informativa. Enquanto eu esperava o Eduardo e o Oca descerem a planche, passou um cicilista fazendo o caminho contrário. Aí pensei, se o cara desceu podemos subir.

A estradinha foi uma grata surpresa. Na realidade é o trecho mais bonito da rota toda, com a estrada beirando um riacho durante o começo da subida. Perto do fim da subida deu pra entender a placa que dizia que a estrada não tinha manutenção. O preto do asfalto foi dando lugar ao brando da neve. O rastro do ciclista que desceu estava bem claro.

No final da subida a estrada desapareceu totalmente tivemos que carregar a bike por cerca de 100m. Felizmente a descida estava limpa, pois no topo do Col du Ballon de Servance tem uma base militar.

Depois de uma descida longa (cerca de 16km) até a cidadezinha de Le Thillot, começamos a ultima ascensão do dia, o Col du Ballon d’Alsace (1165m), 8.8km, com 6.8% de gradiente médio. Esse passo, foi a primeira montanha oficial a ser escalada no tour de France em 11 de julho de 1905. Esse ano o Tour passa ali novamente, mas no sentido contrário que fizemos. Aliás, essa etapa deve ser interessante, pois são “apenas” 133km. Apenas para eles, os profissionais do esporte.

Etapa 20 do TDF de 2023.

Fechamos o dia voltando até Giromagny onde encontramos quase tudo fechado, exceto um pequeno mercadinho que o cidadão nos ofereceu um café. Ao todo foram 2078m de subida em 83km. E a experiência de andar de pneu 28c na neve!

Vale do Reno

CURITIBA (it hurts) Para o segundo dia da viagem eu tinha planejado um trajeto de montanha, mas a previsão do tempo era de frio, como máxima de 5C em Colmar e máximas negativas na montanha. Sendo assim, resolvemos adaptar o roteiro e fazer um pedal em baixa altitude. Escolhi uma rota usando o serviço de rotas do Strava. Alias, esse serviço é uma mão-na-roda para encontrar rotas em lugares desconhecidos. Só funciona no celular, porém.

Rota no vale do Reno (strava, relive)

A rota é uma boa pedida para quem quer rodar no plano. Saindo de Colmar, a rota segue por uma ciclovia ao lado do Canal de Colmar e depois ao lado do Canal du Rhone au Rhin. Esses canais foram construídos no século passado para escoar a produção da região até o Reno. Hoje em dia eles tem ciclovias com um asfalto de dar inveja.

Canal de Colmar

O segundo canal tem cerca de 50km de extensão vai até a cidade de Strasbourg. Nós fizemos um trecho curto variando asfalto e terra e logo seguimos a estrada para entrar na Alemanha.

Antigo Canal du Rhone au Rhin

Entrando na Alemanha subimos o Reno por cerca de 35km passando por vários vilarejos até entrar em terras Francesas passando pela EuroVelo15. A EuroVelo é um conjunto de 17 rotas para bikes que cruzam a Europa em todas as direções

Placa da EuroVelo15 em Fessenheim

Depois de 80km chegamos na cidade murada de Neuf-Brisach, a qual é patrimônio mundial da Unesco. As muralhas foram construídas no século 17 para proteger a França do então Império Romano.

Muralha de Neuf-Brisach
Vista aérea de Neuf-Brisach

Rodamos mais uns 20km por estradinhas e ciclovias até chegar em Colmar. No fim das contas fizemos 102km com apenas 200m de elevação. Apesar de ser um improviso, é uma rota que eu repetiria. Tem muita coisa para explorar nesse vale.

Col du Petit Ballon

CURITIBA (batteries ok) A previsão do tempo para o primeiro dia não era das mais animadoras. Tínhamos uma escolha a fazer. Ficar em casa ou pedalar com o tempo ruim. Não faz sentido ficar em casa numa “bike trip”, então escolhemos pedalar. Ficamos monitorando o tempo, radares, etc, até que decidimos sair para a primeira montanha planejada, o Col do Petit Ballon. Uma curiosidade. A maior parte das montanhas nessa região são chamadas de Ballon. O termo Ballon que dizer “grande montanha arredondada”, voilà.

O Col do Pettit Ballon pode ser escalado por diferentes vias. Nós escolhemos, por acaso, a via saindo Soultzback, a qual está classificada como HC e tem 14km com gradiente médio de 6% (com picos de 15%, no início.) e ganho de 841m. O topo da montanha fica a 1163m. Esse ano o Petit Ballon estará na etapa 20 do TdF.

Rota do Petit Ballon (strava, relive)

No começo do pedal até parecia que tínhamos acertado na hora da saída. A estrada ainda estava úmida, mas o sol dava as caras de vez em quando e a temperatura estava na casa dos 8C. A rota até o começo da montanha consiste e estradas com pouco movimento e vários trechos de ciclovias no meio dos parreirais

Depois de um começo bem duro (lembrando trechos do Mortirolo), a estrada fica mais suave. O trajeto até o topo fica dentro da floresta, lembrando algumas estradas da região dos Pirineus. O fato de estar dentro da floresta nos protegeu um pouco do vento, que do meio da montanha para frente ficou muito forte. Olhando os dados meteorológicos, a rajadas eram de mais de 80km.

Só falta 3!

Chegando perto do topo, a montanha fica careca. Ou seja, não tem onde se esconder do vento, e da chuva que resolveu voltar. Na foto abaixo, a árvore ao fundo ilustra um pouco a força do vento. Os galhos estão todos do lado esquerdo.

Col du Petit Ballon em dia de vento forte e chuva

A descida não foi nem um pouco agradável. Molhado, com frio e sem sentir os dedos da mão, desci com muito cuidado. A temperatura estava na faixa dos 2C, mas o vento deixava a sensação de muito mais frio. As rajadas eram muito fortes e qualquer aumento de velocidade deixava a bike muito instável. Foi a descida mais lenta da minha vida. O importante e chegar inteiro para o proximo pedal. No fim da descida, a chuva parou e o vento ficou ao nosso favor. Hora de tentar fazer força para aquecer o corpo. Chegamos em casa, e o sol apareceu!

Apesar das dificuldades foi um bom pedal. A região é muito bonita e a estrada desafiadora. É obvio que com tempo bom tudo fica melhor. Mas aí não teria muita história pra contar.

Bike Trip V5

CURITIBA (hey ho) Em função do calendário acadêmico ainda afetado pela pandemia, esse ano adiantamos nossa bike trip na Europa. Com a viagem prevista para o fim do inverno europeu (Março 2023), resolvemos visitar uma região não tão alta na França, a Alsácia. De quebra, completamos a viagem com algumas rotas na Alemanha. Desta vez fomos eu, Oca e Eduardo.

O set-up desse ano foi um pouco diferente. Aproveitamos o carro do Eduardo que transportou duas bikes no teto e uma desmontada no porta-malas. Desta forma não precisamos alugar um carro. O carro da equipe estava nos esperando no aeroporto de Frankfurt.

Carro da Equipe no aeroporto de Frankfurt (Alemanha)

Para a primeira parte da viagem, o Tour da Alsácia, alugamos um AirBnb em Colmar, aFrança. A ideia era fazer quatro rotas de montanha na região da Alsácia. Entretanto tivemos que mudar os planos em função do clima.

A viagem não foi patrocinada pela Canyon, mas parecia. Nós três estávamos montados nas bikes da empresa Alemã. Eduardo com sua Aeroad e eu e o Oca nas Ultimates.

Aeroad e Ultimates no Canal de Colmar

Val Thorens

ORLY (dia 5) Pernas cansadas mas ainda restava um restinho de força. Eu ainda tinha duas rotas na manga, uma mais curta saindo de Saint-Michel-de-Maurienne, a cidade que deveríamos devolver as bikes e a outra era a subida de Val Thorens, a última subida do TDF 2019, que tem 36km e leva à famosa e mais alta estação de ski da Europa, Val Thorens (2365m).

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No último dia o Oca resolveu não pedalar pois queira ver uma loja numa outra estação de ski na região de Courchevel, perto de Val Thorens, então decidimos, Eduardo e eu, esgotar nossas pernas na longa subida.

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Engatamos um ritmo confortável no limite das pernas e fomos dosando nossas forças. A subida é longa, com um gradiente médio de 5%, mas no final do percurso (do km 29 ao 34) o gradiente fica perto dos 10% e dá uma aliviada no final somente.

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Fomos administrando as forças e tirando proveito dos dois vales que estão no meio do caminho. Se bem que na volta eu preferia que esses vales não existissem. Outra coisa que chama atenção é a decoração para o Tour. O pessoal está caprichando. Imagina se o Alaphilippe ou o Pinot chegarem com chances nessa última etapa. A torcida vai surtar nessa estrada!

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Quando chegamos na estação de ski, descobrimos que o percurso do TDF não acaba ali. Os organizadores adicionaram uma trecho de mais de 1,5km com uma rampa de uns 12% de inclinação. Quando passamos ali o pessoal ainda estava trabalhando no asfalto. Dá pra dizer a que chegada dessa etapa deve ser animada, isso se o Tour já não estiver definido.

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Cormet de Roselend via Col du Pré

ORLY (dia 3) Quarta-feira tinha previsão de céu aberto sem nuvens. Resolvemos então fazer o trajeto sugerido pelo Col Collective que passa pelo Col du Pré (1748m), represa de Roselend e acaba no Cormet de Roselend (1698m). Cormet é o nome da montanha, por isso Cormet de Roselend e não Col de Roselend, foi o que o vendedor de queijo e salame que encontrei lá em cima me disse. O Col du Pré foi fez parte da etapa 11 do TDF do ano passado e o Cormet de Roselend faz parte da penúltima etapa desse ano.

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Escolhemos fazer esse trajeto num dia ensolarado para apreciar a beleza da estrada, principalmente o trajeto entre o Col du Pré e o Col du Méraillet (1605m), o qual está as margens da represa azul turquesa de Roselend. Certamente está entre as estradas mais bonitas que eu já pedalei.

Chegando em Beauford parecia que estávamos em Curitiba. Uma neblina forte pairava na montanha e não dava para ver nada direito. Estamos aqui, vamos subir. Começamos a subida do Col du Pré, certamente a mais difícil da viagem. É a famosa curta e grossa. Cerca de 11km para subir 1000m. Ou seja, perto de 10% de inclinação quase o tempo todo. E nada da neblina dar uma trégua. 

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No Col du Pré encontramos dois Franceses da região de Grenoble. Em uma hora vai estar tudo aberto, disse um deles. Aqui é assim. Não deu outra. Em pouco menos de 30 minutos foi como se tivéssemos tirado as vendas dos nossos olhos. Aquele lago de água azul-turquesa cercado pelos Alpes apareceu. 

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Fiz o trecho da represa curtindo cada giro do pedivela. O trecho entre o Col du Méraillet e o Cormet de Roselend estava tomado por ciclistas. Certamente porque faz parte de uma etapa do Tour desse ano, mas principalmente porque faz parte do L’Etape du Tour que acontece no dia 21/7, a etapa para ciclistas amadores que esses ano sai de Albertville e vai até Val Thorens passando pelo Cormet de Roselend. 

Com a estrada cheia de ciclistas você acaba se empolgando. Passa um, passa outro e você logo esquece que tem mais algumas montanhas pela frente. Foi o que aconteceu comigo. Quando vi estava batendo guidão com um francês. Lá em cima tiramos foto na placa e o cara ficou surpreso de saber que no Brasil tem ciclista. Ele conhecia o Avancini pelo menos. Foi divertido, mas o preço viria mais tarde.

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Voltamos pela estrada que liga o Col du Méraillet à Beaufort, que é o lado da montanha que será escalado no TDF desse ano. É um subida mais longa, mas bem mais suave do que o Col du Pré.

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Para não perder o hábito, acabamos o pedal com uma cerveja na charmosa Beaufort, que é muito famosa pelo seu queijo. 

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  • Resumo: 49km com 1420m de subidas acumuladas. Mas com o trecho mais duro de subida da viagem (Col du Pré)
  • Relive
  • Strava

Col du Glandon, Croix de Fer e Mollard

BUDAPEST (dia 1) Aproveitando que a VeloMinute fica perto de Saint-Étienne-de-Cuines, vilarejo que começa a subida do Col du Glandon pelo lado norte, resolvemos fazer o loop que eu tinha planejado em 2017, mas que por diversos motivos não conseguimos fazer. Subimos a estrada que leva ao Col du Glandon e seguimos até o Col de la Croix de Fer. Esses dois,  visitamos em 2017 mas subindo pelo lado sul, saindo da represa de Allemond. Além da rota diferente, esse ano pegamos um dia lindo e pudemos contemplar a beleza do local e curtir o boteco do Croix de Fer tomando um solzinho.

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Para chegar ao Glandon são 23km e cerca de 1450m de subidas acumuladas. Bom para lembrar as pernas do que tem pela frente. No meio do caminho, perto do vilarejo Saint-Colomban-des-Villards, tem um platô de cerca de 1km e depois a coisa empina novamente. Os dois últimos quilômetros tem gradiente acima dos 10% e a estradinha fica cada vez mais estreita.

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Descemos pela famosa estrada do Col de la Croix de Fer mas no meio da descida pegamos a rota do Col do Mollard. Essa eu descobri esse ano analisando os mapas que peguei na loja de bike. Eles classificam esse Col como “secreto”. Meio parecido com o Hourquette d’Anquizan nos Pirineus, o qual descobrimos conversando com o pessoal de uma bikeshop.

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No fim das contas fizemos um pedal de cerca de 70km com mais de 2000m de subidas acumuladas. E tudo acabou com uma merecida cerveja me plena segunda-feira num bar em Saint-Etienne-des-Cuines. Priceless!

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Bike Trip V3

BUDAPEST (going home) Ultimamente ando meio sem paciência para algumas coisas, uma delas é escrever nesse blog. Mas sei que se não fizer isso agora vou me arrepender, pois sempre gosto de relembrar alguns detalhes das viagens passadas para tentar não cometer os mesmos erros.

Apenas para contextualizar, essa é a nossa terceira viagem para pedalar. Novamente viemos em três pessoas. Nesse ano, eu, Oca e Eduardo. Para mim e para o Oca é o terceiro ano em seguida, ou seja, está se tornando tradição na família. 

Seguem algumas notas com relação aos preparativos:

Viagem: Compramos as passagens na Azul. O preço estava competitivo e eu acho que das companhias nacionais é a melhorzinha. O problema foi que a Azul está operando esse voo em codeshare com a Aglia Azur, uma low-cost francesa que deve ter a frota mais antiga do planeta. Três dias antes da viagem, recebi um email dizendo que meu voo de volta tinha sido cancelado e que eu teria que voltar cinco dias depois. Depois de dezenas de ligações e um stress desnecessário, conseguiram me colocar num voo da TAP. Depois do voo Campinas-Paris, quase liguei para agradecer o cancelamento do meu voo de volta. Pior voo em anos! 

Ainda sobre a viagem, discutimos bastante, eu e o Oca, sobre pegar o carro em Paris ou Lyon. Acabamos pegando em Paris. Acho que o melhor seria ter pego o carro em Lyon e ter feito o trajeto Paris-Lyon de trem. No momento do planejamento não levamos em conta o custo do pedágio das rodovias francesas. Tinha esquecido disso.

Casa: Reservamos novamente um casa via AirBnb, localizada em Grignon, redondezas de Albertville. Casa muito boa, mas como das outras vezes, apenas um banheiro. Eu diria que foi a melhor casa que ficamos até agora.

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Em termos de localização, a casa do ano passado em Bagnéres-de-Bigorre era melhor pois para alguns percurso era possível para sair pedalando de casa. Em Albertville isso já não era viável. Possível sim, mas não muito viável.

Carro: O Oca reservou uma StationWagon, mas para variar nos deram outra coisa, um Ford CMax. Deu certo, felizmente. Ao invés de pegar um carro maior ou uma van, alugamos um Transbike na mesma loja que pegamos as bicicletas. Desta forma, transportávamos uma bike dentro do carro e duas no Transbike. Para três pessoas, acho que é uma boa solução. A parte mais chata era ficar colocando  e tirando o TransBike a cada pedal. Mas certamente é melhor do que ficar circulando com uma van nas ruas estreitas da Europa.

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Rotas: Para esse ano eu planejei algumas alternativas de rotas para escolhermos em função do clima e das pernas. Tem sempre aquelas etapas rainhas e nesse ano era o Col de L’Iseran, o passo mais alto da Europa e o Cormet de Roselend, em função da bela estrada do Col du Pré e represa de Roselend. No fim fizemos cinco dias de pedal e fomos abençoados com dias ensolarados e temperaturas não tão altas. Para mais detalhes, veja os próximos posts (em breve)

Bike: Reservamos as bikes no site rentmybike.fr e pegamos na loja VeloMinute que fica em Saint-Michel-de-Maurienne, nos pés do Col du Telegraph. Pegamos novamente a Lapierre, mas um modelo um pouco mais pesado do que aquela do ano passado. Essa também é um modelo Endurance, relação compacta (50×34, 11×32), mas equipada com um câmbio 105. Bike novinha e um serviço bem descomplicado.  Em poucos minutos estávamos com as bicicletas e o Transbike no carro. Pagamos o mesmo preço de sempre, EUR 200 pela semana. O Eduardo preferiu levar a bike dele de Berlin.

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Finalmente, esse ano foi o ano que treinei menos para a viagem. Em função do clima, viagem e fratura perdi várias semanas de treino. Consegui fazer tudo o que planejamos, mas o último dia foi sofrido, bem sofrido.

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Hautacam

CURITIBA (day 6) Para fechar a viagem deixamos uma montanha perto de Argelès-Gazost uma vez que deveríamos nos deslocar até lá para devolver as bikes na Velo-Peloton. Desta forma, escolhemos o Hautacam, uma estação de ski localizada a 1520m de altitude. Saindo de Argelès, o ganho de elevação é de cerca de 1200m em pouco mais de 13km.

Pela primeira vez nessa viagem nos perdemos na saída. Eu tinha uma rota no meu GPS e o Pedro outra.   Logo na saída, encontramos uma rua bloqueada e tivemos que fazer um desvio. Eu estava olhando no meu GPS e não percebi que o Pedro e Oca tinham parado para procurar outro caminho. Quando percebi estava sozinho, mas a minha rota estava certa e a do Pedro errada. Esperei um bom tempo e nada deles. Achei que já tinham começado a subida e então resolvi subir. Na realidade eles pegaram a estrada errada e fizeram um bom trecho até entrar no começo da subida do Hautacam. Ou seja, subi sozinho.

Apesar da subida não ser tão longa, ela é bem dura. Tem dois trechos de cerca de 2km cada onde a inclinação não baixa dos 11%. Sem refresco! Alí o negócio é engatar a 34×32 e tentar manter a cadência na casa dos 70, o que não é fácil.

Ciclistas e mais ciclistas

Uma coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de ciclistas subindo a montanha.  Cada um no seu ritmo, mas todos com o mesmo objetivo. No alto da montanha era fácil de ver o pessoal reunido para a fotos. Como fiquei um tempão esperando meus colegas perdidos, deu tempo de escutar as piadas do pessoal. A lingua muda, mas a zoação é a mesma.

Grupão de amigos

Se você tiver sorte e paciência, poderá observar as águias que aparecem no alto do Hautacam. Foi o meu caso. Enquanto esperava o Pedro e Oca deu para comtemplar duas aguias sobrevoando as montanhas verdejantes dos Pirineus.

As famosas águias do Hautacam

E foi assim que acabamos nosso Tour nos Pirineus. Uma montanha dura, belissima, cheia de ciclistas, temperatura agradável e a certeza de que tem muita coisa a ser explorada nessa região espetacular da França.

Allez les Bleus!!

  • Resumo: 39km com 1240 de elevação
  • Relive