Imersão em Parafina

CURITIBA (wax) Cansado de ter que limpar a corrente da bicicleta após cada pedalada? Eu estava. Por isso, comecei a usar lubrificantes à base de parafina há algum tempo. Testei várias marcas e acabei escolhendo duas bastante conhecidas, Squirt e Smoove. Ambos são excelentes lubrificantes, mas ainda assim, acabam atraindo sujeira para a corrente, resultando em acúmulo de resíduos nas roldanas ao longo do tempo. A única maneira eficaz de manter a corrente limpa é adotar a lubrificação por imersão em parafina.

Depois de ler bastante a respeito, resolvi aderir ao processo de imersão, o qual pode parecer complicado num primeiro momento, mas é bem mais simples do que parece.

Foto: Bike radar

O processo consiste em:

  1. Remover a corrente da bike
  2. Derreter o lubrificante (Parafina + aditivos)
  3. Mergulhar a corrente por uns 5 minutos no lubrificante
  4. Retirar a corrente e esperar secar
  5. Instalar a corrente na bike.

Se a corrente estiver muito suja, como após pedalar sob chuva e lama, é recomendável lavá-la com água quente antes de realizar a imersão. Caso contrário, a lavagem não é necessária. A parte que dá mais trabalho é a primeira vez. Por quê? Para ter todos os benefícios da imersão, a corrente a corrente precisa estar completamente limpa, livre de resíduos como óleo e graxa. Para remover o lubrificante original da corrente, é aconselhável colocá-la em um recipiente com aguarrás e agitá-la por algum tempo. Esse processo deve ser repetido até que a aguarrás fique totalmente limpa após o agitar. Para uma corrente velha que já foi utilizada com outros lubrificantes a base de óleo, o número de banhos aumenta.

O que é necessário para aderir a imersão? Considerando que você já tenha uma corrente limpa, eu recomendo fortemente que você compre uma dessas panelas de derreter parafina para depilação. São baratas e muito práticas. Além da panela, o lubrificante, é claro.

Inicialmente resolvi fazer o meu lubrificante. Comprei parafina refinada 140 e PTFE (Teflon em Pó). Encontrei algumas receitas na internet e usei uma que recomendava uma proporção de 1:10. Usei 500g de parafina e 50 de teflon. A princípio achei que a mistura ficou boa, mas com o passar do tempo notei que a corrente ainda tinha resíduos de óleo. O problema é que essa parafina 140, que é utilizada para fazer velas, não é pura. Aí me sugeriram usar parafina culinária.

Mas resolvi pegar um atalho e adquiri um lubrificante disponível no mercado, o LaWax Nero da LaWax. Minha experiência comparativa ainda é limitada, mas o produto nacional me impressionou positivamente. Pretendo experimentar alguns importados, como o Silca e Molten, para ampliar minha análise

Além de manter a relação limpa, tem alguma outra vantagem? Sim! A vida útil da relação aumenta consideravelmente. Entretanto, o processo deve ser realizado a cada 350 ou 400km para maximizar a vida útil da relação. Além disso, é importante lembrar de substituir o powerlink de tempos em tempos. Embora alguns fabricantes recomendem o uso único do powerlink, pessoalmente, já utilizei o mesmo powerlink cerca de 5 vezes. Uma dica útil que aprendi é realizar a substituição quando não há necessidade de aplicar força para encaixar o elo. O site ZeroFrictionCycling tem um monte de material caso você tenha interesse pelo assunto.

Hawaii North Shore

CURITIBA (noisy) Pernas aquecidas depois do primeiro pedal, era dia de fazer algo mais longo. Nesse caso, a única escolha era ir para o norte, onde estão as famosas praias de Sunset, Pipeline e Waimea Bay. Batizei essa rota de Oahu Loop.

Rota 2: Oahu Loop

Seguindo a recomendação dos locais, decidi subir novamente pela Pali Hwy devido ao tráfego intenso. No final da descida, peguei a estrada que segue para o norte da ilha. Excluindo o trecho da Pali Hwy, o restante da estrada que circunda a ilha é chamado de Kamehameha Hwy, em homenagem ao primeiro rei do Reino do Havaí.

A parte inicial, afastada da costa, é bastante movimentada, com vários semáforos pelo caminho. À medida que seguia em direção ao norte, o pedal tornou-se mais agradável, com considerável redução no tráfego de carros. Além disso, a paisagem simplesmente se revelava espetacular

Kahaluu Regional Park

Talvez o lado leste da ilha seja pouco movimentado devido à quantidade limitada de praias para banho. Ao longo da maior parte da estrada, as ondas quebram nas pedras próximas à via.

Kaaawa


Ao chegar ao norte da ilha, o tráfego de carros aumenta consideravelmente, já que essa região abriga as praias mais procuradas pelos turistas e surfistas locais. Apesar disso, a qualidade do asfalto deixa a desejar; no entanto, as paisagens continuam sendo simplesmente espetaculares.

Waimea Bay

Após percorrer 85 km, há uma subida de aproximadamente 8 km (categoria 4 no Strava) com inclinação média de cerca de 3,5%. Esse segmento no Strava é chamado de Pineapple Climb (Subida do Abacaxi). Decidi começar bem cedo naquele dia, ciente de que o calor seria intenso. Quando cheguei à base da subida, o termômetro do meu Garmin marcava 36 graus. Foi sofrido!

Paisagem na subida do abacaxi. Cheiro de abacaxi!

No final dessa subida, encontra-se o vilarejo de Wahiawa, onde a jornada de pedal poderia ter terminado. A partir desse ponto até Honolulu, o percurso se torna bastante monótono. O tráfego intenso de carros, uma sequência interminável de semáforos e a sensação de que os últimos 35 km de volta parecem durar o dobro. No entanto, não havia alternativa para mim, já que precisava retornar ao hotel. No total, foram 5 horas de pedal, cobrindo 136 km e um ganho de elevação de 1029 metros.

Até o calango veio se refrescar na minha água gelada!

Hawaii South Shore

CURITIBA (tiger, tiger..,) Depois de 20 anos tive a oportunidade de voltar para o Hawaii. Dois dos meus artigos foram aceitos em uma conferência que inicialmente estava programada para ocorrer na ilha de Maui. Meu plano era passar alguns dias após a conferência explorando a ilha de bicicleta. O ápice da minha jornada seria escalar o Haleakalā, que atinge 3055 metros, marcando assim a minha maior escalada de bicicleta, superando até mesmo o Col d’Iseram (2764 metros).

Tudo estava planejado: passagem comprada, hospedagem no AirBnb reservada e até mesmo a bicicleta estava garantida. No entanto, em 8 de agosto, um incêndio devastador atingiu uma parte da ilha de Maui, resultando na perda de 98 vidas e na destruição de mais de 2000 casas. Eu esperava que a conferência fosse cancelada ou realizada remotamente, mas para minha surpresa, a organização conseguiu transferir o evento para Honolulu, na ilha de Oahu.

Após muito esforço, consegui alterar todas as minhas reservas para Honolulu. No entanto, minha motivação inicial para pedalar no Havaí estava centrada em escalar o vulcão em Maui. As rotas de ciclismo em Oahu não me pareciam tão interessantes. De qualquer forma, reservei uma bicicleta para dois dias em Honolulu. Infelizmente, as opções de locação de bicicletas de estrada na região são bastante limitadas. A melhor opção que eu encontrei foi a The Bike Shop. Optei pela Specialized Allez por $52, pensando que, como não haveria montanhas para escalar, poderia economizar $50 por dia em relação à opção Tarmac por $102. Se arrependimento matasse… Foi a pior bicicleta que já pedalei na última década.

Specialized Allez com freios mecânicos, simplesmente horríveis!!

Eu não prestei atenção quando fiz a reserva, mas a bike vem com freios mecânicos e um grupo Claris. O grupo até passa para o trajeto que eu fiz, mas o freio é uma merda. Modulação horrível. Não sei com a Specialized vende algo tão ruim assim.

Voltando as rotas. Com a ajuda do Strava e do pessoal da Bike Shop fiz duas rotas. A primeira no sul e a segunda no norte.

Rota 1: Sobre Pali. Hwy e volta por East Honolulu. 64km com 640m. (strava, relive)

A rota sai de Honolulu e sobe a Pali Hwy, 5km com 4.5%. Essa estrada atravessa a ilha de oeste a leste. No meio da subida, há uma saída à direita que leva a uma estrada secundária encantadora. No final da subida, a estrada secundária termina e a descida é feita pela estrada principal. Por indicação do pessoal da Bike Shop, peguei o contra-fluxo da estrada e por isso tinha pouco movimento de carros no meu sentido.

Estrada paralela a Pali Hwy.

Depois da descida a rota, fiz um desvio em Waimanalo Beach, também por sugestão do pessoal da Bike Shop. Essa é uma área residencial muito boa para pedalar. A estrada segue paralela ao paredão verde da cadeia de montanhas conhecida como Ko’olau Range.

A rota segue descendo pela costa, até contornar o vulcão Diamond Head e voltar para o centro de Honolulu.

Vulcão Diamond Head

De maneira geral, é uma rota muito bonita e agradável para pedalar, especialmente no lado leste. Infelizmente, o Havaí de 20 anos atrás já não existe mais. A quantidade de carros nas estradas aumenta a cada ano. Em um lugar que seria ideal para pedalar, é surpreendente a escassez de ciclistas. Talvez em Maui a situação seja diferente.

Floresta Negra

CURITIBA (antes tarde do que mais tarde) Para fechar a viagem, resolvemos visitar novamente as montanhas da floresta negra. Em outubro do ano passado eu tive a oportunidade de fazer um pedal visitando a parte norte da Floresta saindo de Baden-Baden. Desta vez nosso roteiro contemplou a região sul de Baden-Baden.

Rota na floresta negra saindo de Baden-Baden (strava, relive)

Saímos com uma temperatura bem agradável (15C), bem melhor do que o começo dessa viagem onde passamos frio. Saindo de Baden-Baden (150m) encaramos logo de cara uma subida de pouco mais de 20km até chegar ao ponto mais alto do dia, 923m.

O nome da estrada é sugestivo, Schwarzwaldhocstrasse, ou seja, Estrada Alta da Floresta Negra, ou algo parecido. Alemães não são muito chegados a espaços entre palavras…

Depois da subida, a estrada segue no alto da montanha por alguns quilômetros com uma bela vista ao longo do percurso. A descida segue por estradinhas pequenas, mas diferentemente do trecho ao norte que fizemos em outubro/2022, as estradas permitem desenvolver uma boa velocidade na descida. Com exceção de um pequeno trecho bem estreito de terra.

Floresta Negras
Trecho de terra na descida da floresta negra.

Depois da descida, a rota segue na planície do Rio Reno por mais de 40km, trecho bastante parecido com o pedal que fizemos no segundo pedal dessa viagem. Fechamos o último pedal com 87km e 1240m de altimetria. Antes de ir embora, uma merecida cerveja em Baden-Baden.

Alpes Suábios

CURITIBA (where do we go now) No sul de Stuttgart existe uma cadeia de montanhas conhecida como Alpes Suábios, a qual tem 220km de comprimento por cerca de 60km de largura. Apesar do nome, o ponto mais alto da região tem 1015m. Mas a baixa altitude não quer dizer que não existam subidas desafiadoras. Dá pra fazer uma infinidade de pedais interessantes nessa região.

Alpes Suábios: strava, releve

Começamos o pedal na cidade de Metzingen com uma temperatura de 8C e céu limpo. Em Metzingen tem um Outlet gigante onde dá pra deixar o carro estacionado. Nesse dia fomos somente eu e Eduardo. Oca resolveu fazer umas comprinhas no outlet.

A rota que fizemos (com o auxílio do Strava) segue descendo o Rio Neckar por cerca de 25km por estradinhas e ciclovias. Em alguns pontos, no meio do nada, literalmente, existem algumas estações de serviço para bicicletas. Ali você encontra todas as ferramentas necessárias para fazer um reparo rápido na bike. E tudo funcionando perfeitamente.

Rio Neckar em Nürtingen

Estação de reparo no meio do nada.

Depois de 25km começa uma subida leve até a simpática cidade de Kirchheim unter Teck. A partir dali o pedal segue em estradinhas rurais com várias estações “self-service” com produtos da região.


Estações Self-service com produtos da região.

A principal subida do dia é uma montanha categoria 2 com 7km e inclinação média de 5%. A outra é uma categoria 3 com 3km e 7%. Depois a rota desce, passando por Bad Urach, até Metzingen. Pedal de 85km com 960m de subidas. Região pouco badalada no ciclismo, mas que vale a pena ser explorada.

Le Grand Ballon e Route de Cretes

CURITIBA (healing) Último dia do tour d’Alsace estava reservado para subir a montanha mais alta da região, o Col du Grand Ballon, com 1325m. Essa montanha pode escalada por seis diferentes estradas. Nós escolhemos a rota mais longa saindo de Cernay, a qual tem cerca de 21km com gradiente médio de 5%. O ganho de altimetria é de 1000m.

Col du Grand Ballon (relive, strava)

A escolha dessa rota não foi por acaso. O objetivo era fazer parte da Route de Cretes que conecta Cernay a Sainte-Marie-aux-Mines. É uma estrada cênica que foi construída na época da primeira guerra mundial pelo exército Francês para facilitar o movimento das tropas.

Nossa ideia era cruzar o Col Amic (825m), Col du Grand Ballon (1325m) e começar descer a estrada passado pela estação Le Markstein chegando no lago de Kruth-Wildenstein. A estrada é realmente muito bonita. O dia estava lindo e a temperatura agradável. Manga comprida mas sem jaqueta. O vento continuava soprando forte, porém.

Col Amic (825m)
Col du Grand Ballon (1325m)

No topo do Grand Ballon tinha uma placa dizendo que estrada até Le Markstein estava fechada. De qualquer forma resolvemos tentar. Vai que dá pra passar. Não dava. Tinha muita neve. Depois aprendi que essas estradas são transformadas em pistas de Ski Cross Country durante o inverno.

Sendo assim voltamos até o Col Amic e descemos até o vale (Willer Sur Thur), para então subir até o Lago Kurth-Wildenstein margeando o rio La Thur. A barragem que forma o lago foi finalizada nos anos 60 e tem como objetivo controlar o nível do La Thur durante a época do degelo. No verão é muito utilizada pois tem uma área grande picnic e trilhas para hiking.

Barragem de Kruth-Wildenstein

Finalmente voltamos para Cernay descendo o rio com vento a favor. Pedal com 87km e 1520m de subida. Uma ótima maneira de fechar a viagem pela Alsácia.

Planche des Belles Filles, Col du Ballon de Servance e d’Alsace

CURITIBA (stitches off) Essa era a etapa rainha da viagem, a famosa subida da Planche des Belles Filles que consagrou nomes como Froome e Pogacar. Aliás, o Sloveno levou as duas últimas etapas na Planche, em 2020 e 2022. A rota ainda tinha outras duas subidas categorizadas, o Col du Ballon de Servance e o Ballon d’Alsace.

Pequena curiosidade sobre o nome, que numa tradução livre seria Rampa das Meninas Bonitas. Segundo a lenda, as jovens de Plancher-les-Mines (vilarejo na base da montanha) fugiram para as montanhas para escapar dos mercenários suecos, pois temiam ser estupradas e massacradas. Em vez de se render, elas decidiram cometer suicídio e pularam em um lago bem abaixo. Um dos soldados então pegou uma tábua na qual, com sua adaga, gravou um epitáfio para as “meninas bonitas (belles filles)”.Uma estátua de madeira, criada por um artista local, é um lembrete da lenda. Infelizmente não consegui chegar até a estátua por causa da neve. Vou ter que voltar!

Etapa rainha: Planche des Belles Filles, Col de Servance e Ballon de Alsace. (strava, relive)

Para fazer essa rota fomos de carro até o vilarejo de Giromagny. Saindo de Giromagny, seguimos por cerca de 15km até o começo da subida da Planche. Essa é a famosa subida curta e grossa. O começo é uma reta “infinita” com gradientes que passam dos 15%. Depois da primeira curva dá uma aliviada e logo depois pesa novamente. Ao todo são 5.2km com 8.3% de gradiente médio. Trecho muito cruel para se fazer um ITT. Roglic deve concordar comigo.

Final da subida ainda tomada pela neve. Terra do Thibaut Pinot.

Depois da descida da Planche, começamos a subir o Col du Ballon de Servance (1146m), um trecho com 10km e 6% de gradiente médio. Quando fiz a rota, sabia que tinha uma subida na caminho, mas não tinha muita informação sobre a estrada. Trata-se de uma estrada que não tem manutenção durante o inverno, ou seja, ninguém limpa a neve. Descobrimos isso quando começamos a subir, pois havia uma placa informativa. Enquanto eu esperava o Eduardo e o Oca descerem a planche, passou um cicilista fazendo o caminho contrário. Aí pensei, se o cara desceu podemos subir.

A estradinha foi uma grata surpresa. Na realidade é o trecho mais bonito da rota toda, com a estrada beirando um riacho durante o começo da subida. Perto do fim da subida deu pra entender a placa que dizia que a estrada não tinha manutenção. O preto do asfalto foi dando lugar ao brando da neve. O rastro do ciclista que desceu estava bem claro.

No final da subida a estrada desapareceu totalmente tivemos que carregar a bike por cerca de 100m. Felizmente a descida estava limpa, pois no topo do Col du Ballon de Servance tem uma base militar.

Depois de uma descida longa (cerca de 16km) até a cidadezinha de Le Thillot, começamos a ultima ascensão do dia, o Col du Ballon d’Alsace (1165m), 8.8km, com 6.8% de gradiente médio. Esse passo, foi a primeira montanha oficial a ser escalada no tour de France em 11 de julho de 1905. Esse ano o Tour passa ali novamente, mas no sentido contrário que fizemos. Aliás, essa etapa deve ser interessante, pois são “apenas” 133km. Apenas para eles, os profissionais do esporte.

Etapa 20 do TDF de 2023.

Fechamos o dia voltando até Giromagny onde encontramos quase tudo fechado, exceto um pequeno mercadinho que o cidadão nos ofereceu um café. Ao todo foram 2078m de subida em 83km. E a experiência de andar de pneu 28c na neve!

Vale do Reno

CURITIBA (it hurts) Para o segundo dia da viagem eu tinha planejado um trajeto de montanha, mas a previsão do tempo era de frio, como máxima de 5C em Colmar e máximas negativas na montanha. Sendo assim, resolvemos adaptar o roteiro e fazer um pedal em baixa altitude. Escolhi uma rota usando o serviço de rotas do Strava. Alias, esse serviço é uma mão-na-roda para encontrar rotas em lugares desconhecidos. Só funciona no celular, porém.

Rota no vale do Reno (strava, relive)

A rota é uma boa pedida para quem quer rodar no plano. Saindo de Colmar, a rota segue por uma ciclovia ao lado do Canal de Colmar e depois ao lado do Canal du Rhone au Rhin. Esses canais foram construídos no século passado para escoar a produção da região até o Reno. Hoje em dia eles tem ciclovias com um asfalto de dar inveja.

Canal de Colmar

O segundo canal tem cerca de 50km de extensão vai até a cidade de Strasbourg. Nós fizemos um trecho curto variando asfalto e terra e logo seguimos a estrada para entrar na Alemanha.

Antigo Canal du Rhone au Rhin

Entrando na Alemanha subimos o Reno por cerca de 35km passando por vários vilarejos até entrar em terras Francesas passando pela EuroVelo15. A EuroVelo é um conjunto de 17 rotas para bikes que cruzam a Europa em todas as direções

Placa da EuroVelo15 em Fessenheim

Depois de 80km chegamos na cidade murada de Neuf-Brisach, a qual é patrimônio mundial da Unesco. As muralhas foram construídas no século 17 para proteger a França do então Império Romano.

Muralha de Neuf-Brisach
Vista aérea de Neuf-Brisach

Rodamos mais uns 20km por estradinhas e ciclovias até chegar em Colmar. No fim das contas fizemos 102km com apenas 200m de elevação. Apesar de ser um improviso, é uma rota que eu repetiria. Tem muita coisa para explorar nesse vale.

Col du Petit Ballon

CURITIBA (batteries ok) A previsão do tempo para o primeiro dia não era das mais animadoras. Tínhamos uma escolha a fazer. Ficar em casa ou pedalar com o tempo ruim. Não faz sentido ficar em casa numa “bike trip”, então escolhemos pedalar. Ficamos monitorando o tempo, radares, etc, até que decidimos sair para a primeira montanha planejada, o Col do Petit Ballon. Uma curiosidade. A maior parte das montanhas nessa região são chamadas de Ballon. O termo Ballon que dizer “grande montanha arredondada”, voilà.

O Col do Pettit Ballon pode ser escalado por diferentes vias. Nós escolhemos, por acaso, a via saindo Soultzback, a qual está classificada como HC e tem 14km com gradiente médio de 6% (com picos de 15%, no início.) e ganho de 841m. O topo da montanha fica a 1163m. Esse ano o Petit Ballon estará na etapa 20 do TdF.

Rota do Petit Ballon (strava, relive)

No começo do pedal até parecia que tínhamos acertado na hora da saída. A estrada ainda estava úmida, mas o sol dava as caras de vez em quando e a temperatura estava na casa dos 8C. A rota até o começo da montanha consiste e estradas com pouco movimento e vários trechos de ciclovias no meio dos parreirais

Depois de um começo bem duro (lembrando trechos do Mortirolo), a estrada fica mais suave. O trajeto até o topo fica dentro da floresta, lembrando algumas estradas da região dos Pirineus. O fato de estar dentro da floresta nos protegeu um pouco do vento, que do meio da montanha para frente ficou muito forte. Olhando os dados meteorológicos, a rajadas eram de mais de 80km.

Só falta 3!

Chegando perto do topo, a montanha fica careca. Ou seja, não tem onde se esconder do vento, e da chuva que resolveu voltar. Na foto abaixo, a árvore ao fundo ilustra um pouco a força do vento. Os galhos estão todos do lado esquerdo.

Col du Petit Ballon em dia de vento forte e chuva

A descida não foi nem um pouco agradável. Molhado, com frio e sem sentir os dedos da mão, desci com muito cuidado. A temperatura estava na faixa dos 2C, mas o vento deixava a sensação de muito mais frio. As rajadas eram muito fortes e qualquer aumento de velocidade deixava a bike muito instável. Foi a descida mais lenta da minha vida. O importante e chegar inteiro para o proximo pedal. No fim da descida, a chuva parou e o vento ficou ao nosso favor. Hora de tentar fazer força para aquecer o corpo. Chegamos em casa, e o sol apareceu!

Apesar das dificuldades foi um bom pedal. A região é muito bonita e a estrada desafiadora. É obvio que com tempo bom tudo fica melhor. Mas aí não teria muita história pra contar.

Bike Trip V5

CURITIBA (hey ho) Em função do calendário acadêmico ainda afetado pela pandemia, esse ano adiantamos nossa bike trip na Europa. Com a viagem prevista para o fim do inverno europeu (Março 2023), resolvemos visitar uma região não tão alta na França, a Alsácia. De quebra, completamos a viagem com algumas rotas na Alemanha. Desta vez fomos eu, Oca e Eduardo.

O set-up desse ano foi um pouco diferente. Aproveitamos o carro do Eduardo que transportou duas bikes no teto e uma desmontada no porta-malas. Desta forma não precisamos alugar um carro. O carro da equipe estava nos esperando no aeroporto de Frankfurt.

Carro da Equipe no aeroporto de Frankfurt (Alemanha)

Para a primeira parte da viagem, o Tour da Alsácia, alugamos um AirBnb em Colmar, aFrança. A ideia era fazer quatro rotas de montanha na região da Alsácia. Entretanto tivemos que mudar os planos em função do clima.

A viagem não foi patrocinada pela Canyon, mas parecia. Nós três estávamos montados nas bikes da empresa Alemã. Eduardo com sua Aeroad e eu e o Oca nas Ultimates.

Aeroad e Ultimates no Canal de Colmar